16/05/2021

Mães

MÃES

Maria Augusta Bittencourt


O coração das mães não descansam, além da morte. Impossível que o túmulo nos roubasse o tesouro dos afetos.

Seguimos, de perto, as preocupações e trabalhos de todos aqueles que respiram no círculo de nosso amor.

Aquele carinho e aquela santificada alegria que nos uniram uns aos outros, na Terra, 

permanecem cada vez mais vivos, dentro de nossa alma.

A ventura maternal está representada na posse do amor dos filhos, que constituem a sua 

razão de ser.

O jardim, do lar é o tabernáculo divino, onde o homem pode e deve manifestar os mais 

nobres valores que recebe da Providência Divina.

Sem a renúncia materna, a família quase sempre é um turbilhão de sofrimentos e necessidades indefiníveis e sem fim.

As mães nunca morrem. Não acreditem que os desencarnados estejam fora das alfinetadas que o mundo impõe às almas.

Sofremos também, com intensidade terrível, de vez que já não dispomos da carne que 

nos serve de anteparo às grandes comoções.

Enquanto a vida nos retém no corpo físico, mormente nós, as mães, anelamos para os 

nossos rebentos as melhores posições materiais, entretanto, cedo a morte nos ensina que a luz 

não brilha na ilusão.

Quando nossos filhos, na Terra, se fazem gente grande e livre, permanecemos mais a 

sós, conosco vivendo as reminiscências e esperanças. Nossa alma, de volta ao passado, surpreende, na senda percorrida, os quadros que desejaríamos conservar inalterados.

Aqui é um trecho da terra a falar mais particularmente ao coração, ali é uma voz de criança que ainda ressoa, nítida e cristalina, aos nossos ouvidos.

Entretanto, é imprescindível tudo deixar, a fim de atingir a praia distante da purificação.

Nós, as mães, muitas vezes, somos como a hera, agarrada às paredes da vida.

O amor compele-nos à imantação com numerosas almas que, no fundo, precisam caminhar por si mesmas.

Quantas de nós são obrigadas a sofrer, anos e anos, além da morte física, no santo aprendizado do esquecimento?

Acompanhamos nossos filhos como a sombra segue o corpo, contudo, não conseguimos 

atingir o nosso ideal de senti-los em plena harmonia conosco, porque realmente cada alma 

evolui no plano que lhe é próprio.

Somos peregrinas, batendo à porta de variados corações, deles esmolando a alegria da 

compreensão e do auxílio.

As vezes, choramos em lhes observando a juvenilidade espiritual, mas, na qualidade de 

mães, confiamos e esperamos.

Quando a fonte se nega a irrigar a terra pobre, a breve tempo, reconhecemos o deserto 

diante de nós.116

Se abandonamos a planta menos protegida à visita dos vermes, a devastação das folhas e das raízes não se fará esperar.

Ainda que as lágrimas sejam o nosso pão de cada dia, não podemos alterar nosso velho 

roteiro. Avancemos, pois, mesmo assim.


Texto retirado do livro:

MÃE- Francisco Cândido Xavier Espíritos Diversos 

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