19/08/2020

Do Luto à Superação: A Visão de Mundo de uma Mulher Cega

19 de agosto de 1999: a data que marcou o início de uma nova jornada para mim. Acordei cega, vítima da Vitreo Retinopatia Exsudativa Familiar. Durante anos, encarei essa data com tristeza e ressentimento. Mas, com o tempo, aprendi a ver a beleza e a força que residem na superação da deficiência visual.
Ser pessoa cega é uma missão de vida. É aprender a fazer tudo de novo, com calma e naturalidade. É superar-se a cada dia, descobrindo que somos capazes de muito mais do que imaginamos. É apreciar as pequenas conquistas, o sorriso de um amigo, o calor do sol, o cheiro das flores e o sabor da comida.
A falta da visão não me limita. Cozinho, lavo roupa, limpo a casa, sou esposa e mãe. Tenho a sorte de ter ouvidos atentos e mãos com tato apurado que me permitem realizar todas as tarefas do dia a dia.
A deficiência visual não nos define. Ela não é um obstáculo, mas sim um desafio que nos impulsiona a crescer. A felicidade está dentro de nós, e depende apenas do nosso esforço para conquistá-la.
Nos últimos anos, enfrentei muitos desafios. A inacessibilidade de muitos lugares e a falta de empatia de algumas pessoas me entristeceram e me fizeram questionar a minha capacidade. Mas, com a fé em Deus e a persistência, aprendi a superar esses obstáculos e a reescrever minha história.
A deficiência visual não é o fim, mas sim o início de uma nova vida. É uma oportunidade de aprender, crescer e se conectar com o mundo de uma forma diferente. É um caminho de superação e de descobertas.
Gratidão a Deus por me permitir seguir em frente nesta jornada. A fé é o meu combustível, e a certeza de que estou cumprindo minha missão me motiva a continuar.
Gratidão, gratidão, gratidão.

0 comentários:

Postar um comentário